Funai

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas vem investido em diversos programas de fomento, incluindo a capacitação de restauradores e a criação de viveiros em áreas sob sua jurisdição.

“Queremos (…) dar visibilidade aos saberes ancestrais na conservação e na recuperação dos ecossistemas e integrá-los aos conhecimentos técnico- científicos”, disse Lucia Alberta, diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). 

O órgão indigenista quer inserir a pauta indígena em políticas e ações de restauração ecológica, como na revisão do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), no desenho da Plataforma de Acompanhamento da Recuperação Ambiental (Recooperar), de editais públicos e de um banco de áreas prioritárias para recuperação em terras indígenas. 

O Eco, julho de 2024

O órgão federal coordena ou apoia projetos com viés de restauração em vários estados. Dentre eles:

Dentre as suas iniciativas mais amplas, vale destacar:

Recuperação da Vegetação Nativa em Terras Indígenas

Projeto iniciado em 2023 e apoiado pela União Europeia, e que visa restaurar áreas nas terras indígenas Arroyo-Korá, no Mato Grosso do Sul, e Perigara, no Mato Grosso.

Formação de multiplicadores em restauração

Em meados de 2024 a Funai lançou uma chamada pública para selecionar candidatos a multiplicadores em várias partes do país.

Programa de Manejo Florestal e Prevenção de Fogo no Brasil

Iniciativa realizada em colaboração com o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), ligado ao Ibama, a agência ambiental federal. A iniciativa é executada pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS), com o apoio da USAID/Brasil, dentro da Parceria para a Conservação da Biodiversidade na Amazônia (PCAB). 

A ideia é desenvolver e fortalecer, por meio de oito associações indígenas selecionadas, os conhecimentos, práticas e a educação ambiental em manejo integrado do fogo, além de promover trocas de experiências sobre viveiros de mudas e uso tradicional do fogo. Participam da iniciativa brigadistas indígenas, jovens, mulheres, anciãos e lideranças locais. 

Funai, junho de 2023

O programa promoveu cursos e dá apoio à criação de viveiros na Terra Indígena São Marcos (MT), na Terra Indígena Uru Eu Wau Wau (RO), na Aldeia Catàmjê (TO) e na Terra Indígena Krikati (MA), dentre outras.

Para o povo indígena Karipuna, restaurar áreas da floresta amazônica tem um significado especial – representa a vida, plantando espécies arbóreas que fornecem produtos necessários ao dia a dia das comunidades, como madeira para os barcos, frutos usados na pintura corporal, além de folhas e plantas medicinais. “Essas espécies fazem parte da nossa vida. Não conseguimos pescar, se não tivermos madeira para fazer canoas. Não podemos usar as canoas, se não houver remos. Não temos pintura corporal, se não tiver jenipapo”, resume Alcimara [Karipuna, vice-coordenadora-geral da Associação Indígena do Povo Karipuna – AIKA]. […]

“Estamos sentindo falta de algumas espécies de plantas da medicina tradicional e do jenipapo que usamos na pintura. Queremos trazê-las de volta”, afirma Alcimara.

Funai, setembro de 2022

Distribuição e plantio de mudas

  • Em dezembro de 2023 o órgão federal distribuiu 6 mil mudas florestais nativas, com destaque para o pequi, a mangaba, e o buriti, para seis terras indígenas do povo A’uwe Xavante, numa parceria com a The Nature Conservancy. Também foram promovidas oficinas de recuperação ambiental e mutirões de revitalização de nascentes;
  • Em Itaituba/PA, a Funai, em parceria com o ICMBio, promoveu o plantio de mais de mil mudas nativas em nascentes de igarapés nas reservas Payğo Bamuybu e Kauririti Kobu Nabū Jereğ e Ikõ Muywatpu, em junho de 2024. A iniciativa visa recuperar nascentes e reforçar os limites destas áreas protegidas urbanas.

Projeto Reflorescer

Iniciativa desenvolvida entre 2021 e 2022 e que fomentou 26 projetos de restauração ecológica propostos por organizações indígenas da Caatinga, do Cerrado e da Mata Atlântica. Cerca de 224 hectares em terras indígenas começaram a ser recuperados, aproximadamente 5 toneladas de sementes nativas foram coletadas e 6 mil mudas foram adquiridas.

As principais técnicas de restauração utilizadas nos projetos foram a condução da regeneração natural, a implementação de sistemas agroflorestais e o plantio direto de sementes (muvuca). Importante destacar ainda a técnica de restauração utilizada pelo povo Xukuru de Ororubá, denominada “cosmonucleação regenerativa”. De acordo com Iran Xukuru, responsável pelo desenvolvimento da técnica a partir de conhecimentos ancestrais de seu povo, a técnica consiste em se utilizar pontos de força, ou seja, locais habitados pelos encantados, para a guiança do processo de restauração, realizado com cultivares tradicionais consorciados com espécies nativas.Funai, outubro de 2023

O projeto foi desenvolvido no âmbito do projeto de implementação da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI), em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).