BNDES

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social financia iniciativas de restauração ecológica tanto mediante reembolso (empresas e propriedades rurais) quanto a fundo perdido (organizações sem fins lucrativos que atuam em unidades de conservação públicas ou privadas, áreas de preservação permanente, reservas legais em assentamentos rurais e terras indígenas).

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social ultrapassou a marca de R$ 650 milhões em recursos não reembolsáveis para projetos de restauração ecológica desde 2023. Esses recursos estão concentrados e três iniciativas: o Floresta Viva, com recursos do Fundo Socioambiental do BNDES, e o Restaura Amazônia e o Florestas do Bem-Estar, com recursos do Fundo Amazônia, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). 

BNDES, maio de 2025

O banco também fomenta as seguintes iniciativas:

  • o programa Restaura Amazônia, com um aporte de R$ 1 bilhão, provenientes do Fundo Amazônia e do Fundo Clima, anunciado em dezembro de 2023;
  • um edital no valor de R$ 42 milhões para fomentar até nove projetos de restauração no Pantanal e no Cerrado, lançado em dezembro de 2023, em parceria com a Petrobras;
  • edital para seleção de projetos de preservação e restauração de bancos de corais, num valor mínimo de R$ 60 milhões, aberto em abril de 2024;
  • edital para seleção de projetos de fortalecimento de cadeias produtivas na Caatinga em unidades de conservação, no valor de R$ 8,8 milhões, lançado em novembro de 2024;
  • seleção de projetos de fortalecimento da cadeia de mudas e sementes nos estados do Amazonas, Pará, Acre e Mato Grosso, no valor de R$ 23 milhões, em parceria com a Conservação Internacional em dezembro de 2024;
  • o programa ProFloresta+, lançado em março de 2025 em parceria com a Petrobras, de incentivo à restauração na Amazônia remunerada pela venda de créditos de carbono a preços pré-definidos.

Concessão de florestas públicas

Programa que delega à iniciativa privada o compromisso de restauração para geração créditos de carbono. As duas primeiras unidades a participar, anunciadas em maio de 2024, são a Floresta Nacional de Bom Futuro, em Rondônia, com 17 mil hectares desmatados, e a Gleba João Bento, com quase 56 mil hectares em desmatamento acumulado nos estados de Rondônia e Amazonas. A iniciativa é viabilizada por um acordo de cooperação técnica com o Serviço Florestal Brasileiro (SFB). O BNDES também vai apoiar estados na Amazônia dispostos a oferecer concessões de florestas públicas nos mesmos moldes.

De acordo com SFB, a meta para concessões de florestas públicas federais, até 2026, é de 4 milhões de hectares, que deverão ser incluídos em projetos propostos pela iniciativa privada para recuperação e manejo florestal sustentável. De acordo com a instituição, a previsão é que essas iniciativas gerem 25 mil empregos e R$ 60 milhões ao ano em renda nos municípios alcançados.

Agência Brasil, abril de 2024

Fundo Amazônia

Criado em 2008, ele capta doações para investimentos não reembolsáveis em ações de prevenção e combate ao desmatamento e aos incêndios, regularização fundiária, restauração agroflorestal e fomento à bioeconomia em toda a Amazônia Legal. Dentre seus principais doadores estão a Dinamarca, a Noruega, o Reino Unido, o Japão e a União Europeia.

A análise de projetos foi interrompida em 2019, início do Governo de Jair Bolsonaro.

Até fevereiro de 2024, ele havia investido R$ 1,8 bilhão em mais de 100 projetos que beneficiaram 241 mil pessoas, 211 terras indígenas e 196 unidades de conservação. Entretanto, em outubro de 2024 foi divulgado que apenas 11% dos R$ 643 milhões recebidos pelo Fundo Amazônia em 2024 foram efetivamente investidos.

No ano passado, informaram o MMA e o BNDES, o fundo aprovou R$ 1,3 bilhão em projetos e chamadas públicas. Segundo o BNDES, existem R$ 3 bilhões disponíveis para investimentos, dos quais R$ 2,2 bilhões representam projetos de liberação em estudo.

Agência Brasil, fevereiro de 2024

Dentre os projetos que apoiados pelo fundo e que têm foco em restauração ecológica, vale mencionar:

Programa Natureza, Povos e Clima (NPC) 

Iniciativa lançada em fevereiro de 2025 pelos Fundos de Investimento Climático (Climate Investment Funds – CIF) com previsão de investimentos de US$ 247 milhões em projetos de recuperação florestal e soluções baseadas na natureza na Bacia do Tocantins-Araguaia. A meta é restaurar 54 mil hectares de florestas e gerar até 21 mil empregos diretos e indiretos.

O plano prevê US$ 47 milhões em recursos reembolsáveis do CIF, combinados com US$ 100 milhões do Fundo Clima, via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e US$ 100 milhões do Banco Mundial, que serão direcionados ao setor privado para financiar projetos de restauração na Amazônia e no Cerrado.

Agência.gov, fevereiro de 2025

Os recursos são disponibilizados via linhas de crédito do BNDES para projetos do setor privado. A execução dos recursos será acompanhada pela Secretaria Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). A construção do Plano de Investimento da iniciativa foi realizada pelo Serviço Florestal Brasileiro.

Fundo Clima

Instituído pela Polícia Nacional de Mudança do Clima em 2009, ele já havia movimentado quase R$ 2,5 bilhões até o começo de 2024. Em março de 2024 foi anunciado um novo aporte, de até R$ 10,4 bilhões para projetos voltados à sustentabilidade, inclusive restauração ecológica. As taxas anuais são na faixa de 1% para o plantio de florestas nativas, além do spread do projeto, que remunera o banco. Parte dos recursos vem de uma captação do banco no Exterior com títulos soberanos sustentáveis.

Em 2025 ele fez seu primeiro desembolso de recursos para apoiar ações de restauração florestal executadas pela Mombak, startup que comercializa créditos de carbono.

BNDES Florestas Crédito

Linhga de crédito lançada em setembro de 2024 e que oferece condições especiais de crédito e garantias para empresas investirem em reflorestamento e manejo florestal em qualquer parte do país. Ele tem dotação inicial de R$ 1 bilhão, parte deles provenientes do Fundo Clima e outros de recursos próprios, como a linha Finem Meio Ambiente.

Para acessar o BNDES Florestas Crédito, as empresas precisam atuar em qualquer região do país em uma destas iniciativas: manejo florestal sustentável; recomposição da cobertura vegetal; concessão de floresta; plantio de espécies nativas e sistemas agroflorestais; apoio à cadeia produtiva de produtos madeireiros e não madeireiros de espécies nativas; e aquisição de máquinas e serviços associados a essas atividades. 

BNDES, setembro de 2024

Outras linhas de crédito

O BNDES mantém estas linhas de crédito com foco socioambiental:

  • Iniciativa BNDES Mata Atlântica – Não reembolsável, ele mobilizou R$ 37 milhões para 17 projetos contratados a partir de 2009, para restauração de 2,7 mil ha;
  • Restauração Ecológica Foco 01/2015 – Não reembolsável, destinará R$ 40 milhões para 12 projetos, ainda em análise, para a restauração de 3,4 mil hectares
  • Apoio Responsável – R$ 216 milhões para 3 projetos já contratados, para restauração de 23 mil hectares.

O BNDES também administra, dentre outros:

  • o programa de aceleração BNDES garagem (que fomenta, dentre outros, empreendimentos com viés de restauração);
  • BNDES Finem – Recuperação e Conservação de Ecossistemas e Biodiversidade;
  • BNDES Finem – Agropecuária, que pode ter componentes restaurativos.

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