Iniciativa desenvolvida pelas comunidades quilombolas desde 2017, com apoio do Instituto Socioambiental. A rede promove a coleta de sementes e o manejo de florestas, o que gera renda para 60 coletores de cinco comunidades: André Lopes, Bombas, Maria Rosa, São Pedro e Nhunguara.
Ao final de 2023 ela foi formalizada como cooperativa. Até então, já havia comercializado mais de 6 toneladas de sementes de 100 espécies, o suficiente para restaurar cerca de 170 hectares de Mata Atlântica. As sementes coletadas são utilizadas em projetos de reflorestamento com plantio de muvuca ou vendidas para viveiros que produzem mudas, principalmente no estado de São Paulo.
“A muvuca é uma mistura de várias qualidades de sementes que serão levadas para uma região que precisa ser semeada. Geralmente é feita em áreas que não têm árvore nenhuma. Então é uma mistura que junta sementes com areia e coloca no maquinário. Ou se faz na mão mesmo quando não tem maquinário”, explica Maria Tereza, que mora na comunidade Nhunguara.
Brasil de Fato, janeiro de 2021
Juliano Nascimento, assessor do Programa Vale do Ribeira do ISA, acredita que os impactos do trabalho vão desde “desde estimular uma observação mais sensível da mata e seus ciclos, como o aprendizado e a troca de conhecimentos sobre coleta, beneficiamento e armazenamento das espécies florestais” até o incremento de renda das famílias participantes.
Para Malvina de Almeida Silva, quilombola da comunidade de Nhunguara, um dos principais pontos positivos do trabalho com a Rede é poder “encontrar e conhecer vários tipos de sementes e recuperar riquezas que estão sendo perdidas”.
Divulgação do Instituto Socioambiental, setembro de 2020
A Rede integra o Redário, articulação de redes e grupos de coletores de sementes nativas para restauração ecológica.
Comunidade Quilombola Nhunguara
O Viveiro Sítio Pedra envolve cerca de 100 famílias que vivem em Iguape, no entorno do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR). Elas produzem mudas frutíferas nativas e exóticas.
O viveiro tem capacidade de produzir pelo menos 40 mil mudas anuais (e meta de chegar até 75 mil). As mudas são produzidas com composto gerado no local, sem o uso de agrotóxicos e em embalagens biodegradáveis.
Dezoito espécies, metade delas nativas e metade exóticas, são cultivadas no viveiro construído com apoio do programa Microbacias, uma parceria do Banco Mundial com o Governo de São Paulo. A iniciativa também permitiu ao grupo erguer uma composteira, para evitar o uso de adubos químicos, e a se estruturar para comercializar cada vez mais mudas.
“Ainda não vendemos muito. No último ano, plantamos 25 mil mudas. As vendas renderam R$ 1 mil para cada uma das 11 pessoas do grupo e ainda reinvestimos na compra de sementes. Espero que no futuro possamos melhorar, pois temos mais noções de administração para fazer tudo”, conta a produtora rural Ana Maria Marinho, 58 anos.
Artigo do Banco Mundial, 2015
Um segundo viveiro, na comunidade Nhunguara de Baixo, produz anualmente 12 mil mudas de 48 espécies.
Saiba mais
- Catálogo de sementes
- “Muvuca: conheça a técnica de plantio que germina saberes e biodiversidade” – artigo e podcast de Daniel Lamir, Brasil de Fato, 14/1/2021
- “Quilombolas do Ribeira coletaram mais de meia tonelada de sementes da Mata Atlântica em 2020”– divulgação do Instituto Socioambiental, 25/9/2020
- “Saber quilombola ajuda a restaurar a Mata Atlântica” – CicloVivo, 1/2/2022
- “Iniciativas da sociedade civil ajudam a preservar Mata Atlântica” – reportagem de Camila Boehm para a Agência Brasil, 27/5/2023
- “Quilombolas de São Paulo formalizam cooperativa para restauração ecológica” – Instituto Socioambiental, 21/12/2023
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