O programa, também conhecido como ASL Brasil (do inglês Amazon Sustainable Landscapes), foi lançado em 2017 com a ambição de ser a maior iniciativa de restauração de florestas tropicais em nível global. Ele é coordenado pelo governo do Pará e a Conservação Internacional e conta com recursos do Global Environment Fund (GEF). A iniciativa tinha conclusão prevista para o fim de 2023, mas, segundo a organização, ela avançou lentamente, dadas as políticas federais do Governo Bolsonaro, a pandemia de Covid-19 e incêndios. Em meados de 2023, menos de 20% da meta haviam sido executados.
O ASL é executado em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, atores locais do governo, não-governamentais e comunidades. Ele tem os seguintes objetivos:
- Aprimorar a gestão de 60 milhões de hectares e criar 3 milhões de hectares em áreas protegidas;
- Promover práticas sustentáveis em 5,92 milhões de hectares em áreas protegidas e propriedades rurais;
- Promover a restauração florestal de 28 mil hectares;
- Promover a concessão florestal em 1,4 milhão de hectares;
- Apoiar a adequação ambiental de pelo menos 27 mil propriedades rurais.
O ASL tem quatro componentes:
- Sistema de Áreas Protegidas da Amazônia – criação de novas áreas protegidas, consolidação das áreas protegidas já existentes e criação de mecanismos para sustentabilidade financeira a longo prazo;
- Gestão Integrada da Paisagem – manejo integrado de paisagens visando a promoção da conectividade e a formação de corredores ecológicos, atuando de modo especial no entorno das UCs;
- Políticas Públicas e Planos para a Proteção e Recuperação da Vegetação Nativa – fortalecimento de políticas públicas, planos e ações voltados à proteção e recuperação da vegetação nativa, assim como a gestão das florestas e sua integração em paisagens sustentáveis;
- Coordenação de Projetos, Capacitação e Cooperação Regional – capacitação e cooperação regional (Brasil, Colômbia e Peru).
O projeto depende de múltiplos métodos de restauração. Um dos principais é a regeneração natural assistida de florestas, na qual os restauradores preparam uma área para a regeneração natural. Esse método está sendo utilizado em terras públicas. Nos trópicos, sob as condições adequadas, isso pode ocorrer de forma relativamente rápida: cerca de dois a quatro anos, de acordo com [Miguel] Moraes [diretor-senior da Conservação Interanacional].
“Reservar áreas para regeneração natural pode ser uma abordagem muito econômica, mas apenas em locais onde ainda há potencial de regeneração natural”, diz Moraes, observando que isso corresponde a cerca de 80% das áreas em que estão trabalhando.
Mongabay/ Unisinos, junho de 2023
O projeto ASL Brasil também emprega plantio no formato de muvuca de sementes.
“Estamos observando um rendimento de árvores três vezes maior do que nossas estimativas iniciais”, disse ele em um post no blog da CI. “Em vez de 3 milhões de árvores crescendo em 1.200 hectares, como esperávamos, estamos estimando 9,6 milhões de árvores na mesma área. Esse resultado é bastante promissor e nos traz esperança para enfrentar o desafio de reduzir os custos de restauração e viabilizar a restauração em larga escala.”
Mongabay/ Unisinos, junho de 2023
Rondônia
Em novembro de 2022, uma das organizações parceiras, a Ecoporé, divulgou que o projeto de restauração de 88 hectares na Floresta Nacional do Bom Futuro, em Rondônia, avançava em ritmo acelerado. A área ia receber cerca de 5 toneladas de sementes coletadas pelo povo Karitiana, próximo à unidade de conservação.
Amazonas
No começo de 2023 foi iniciado um projeto-piloto de restauração coordenado pelo Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam) no seu posto avançado de Açuanópolis, em Canutama, no sul do Amazonas. Onze propriedades foram contempladas com recuperação de passivos ambientais e regularização via restauração via plantios de mogno, cedro, paricá, copaíba e andiroba.
Acre
No final de 2023 começou a articulação da Rede de Sementes do Acre, no âmbito do projeto.
Recursos do ASL também estão financiando a produção via sistemas agroflorestais na Resex Chico Mendes, com implementação da SOS Amazônia.
Saiba mais
- Paisagens Sustentáveis da Amazônia
- “Resex Rio Preto do Jacundá regenera naturalmente 2,4 mil hectares” – artigo de Maria Garcia Alves, divulgação da Conservação Internacional, 18/9/2020
- “Capacitação no complexo de florestas do Rio Gregório visa dar escala à restauração no Acre” – divulgação da Conservação Internacional, 6/7/2021
- “Projeto Paisagens Sustentáveis aprova plano de mais de R$ 47 milhões” – MMA/Progresso, 19/7/2022
- “Idam realiza atividades de restauração florestal em Canutama” – Idam, 8/2/2023
- “Pandemia, Bolsonaro e incêndios atrasaram o mais ambicioso projeto de reflorestamento da Amazônia” – reportagem de Jeremy Hance no site Mongabay, com tradução de Thaissa Lamha publicada pela Unisinos, 16/6/2023
- “Idam refloresta 50 hectares de área degradada em Canutama” – Portal Marcos Santos, 16/10/2023
- “Estado promove primeiro encontro da Rede de Sementes do Acre” – Notícias do Acre, 1/11/2023
- “Santarém e Belterra recebem missão técnica do Projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia” – G1 Santarém e Região/ Rede Globo, 6/11/2023
- “Programa que busca recuperar vegetação nativa e conservação dos ecossistemas é apresentado na COP 28” – Governo de Rondônia, 5/12/2023
- “ICMBio visita áreas de sistemas agroflorestais na Reserva Extrativista Chico Mendes” – Portal Marcos Santos, 12/5/2024
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