Restaura Amazônia

Iniciativa originalmente lançada em 2022 pelo Painel Científico para a Amazônia, formado por mais de 200 cientistas dos oito países amazônicos e que planeja recuperar um quarto das áreas de floresta desmatadas ao longo do Arco do Desmatamento num prazo de 30 anos. É o programa de restauração ecológica mais ambicioso já proposto para a região e deverá impactar 50 municípios.

No final de 2023 a iniciativa ganhou apoio oficial do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas e do BNDES, que entrará como financiador e buscará outros parceiros que deem apoio financeiro. Em novembro de 2024 foi lançado um primeiro edital, no valor de R$ 100 milhões, para seleção de projetos restaurativos.

A iniciativa Restaura Amazônia é voltada para o financiamento não reembolsável de atividades de restauração ecológica com espécies nativas e/ou sistemas agroflorestais (SAFs). No total, estão previstos investimentos de aproximadamente R$ 200 bilhões nas próximas décadas. Na primeira fase do Arco da Restauração na Amazônia, os recursos do Fundo Clima irão se somar a outras fontes de apoio para investimentos de até R$ 51 bilhões.

O objetivo é restaurar 6 milhões de hectares de áreas prioritárias e capturar 1,65 bilhão de toneladas de carbono da atmosfera até 2030. Já a segunda etapa prevê investimentos de até R$ 153 bilhões, com participação de recursos do Fundo Clima para restaurar outros 18 milhões de hectares até 2050. A previsão é de que o Arco da Restauração poderá gerar até 10 milhões de empregos na Amazônia.

Secretaria de Comunicação Social do Governo Federal, maio de 2024

O Restaura Amazônia tem, como referência, outros projetos de grande escala em andamento no Platô de Loess, na China, o programa Restoring American Forests, nos Estados Unidos, e a Grande Muralha Verde, nos limites do deserto do Saara.

A ação contemplará dois distintos arcos onde a cobertura de floresta se encontra em estado crítico.

O primeiro é o Arco de Restauração do sul da Amazônia, que se estende da costa atlântica até a Amazônia boliviana – área que teve a pecuária como principal vetor de desmatamento. Cientistas já alertaram que a região, repleta de pastos abandonados, estaria emitindo mais CO2 do que absorvendo da atmosfera. Já o outro Arco da Restauração seria ao longo dos Andes, em territórios do Peru, Equador e Colômbia, onde os principais vetores de desmatamento são a mineração ilegal e a exploração de petróleo.

Deutsche Welle, novembro de 2023

A proposta certamente tem desafios enormes, precisa envolver a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e muitos órgãos do governo, além de pesquisas para desenvolver tecnologias para que este restauro ecológico seja feito de maneira efetiva. É também necessário o envolvimento da iniciativa privada, bem como as unidades de pesquisas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e das universidades. O processo deve combinar, além da questão da captura de carbono, a preservação da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos. E também precisa beneficiar as comunidades locais, e integrar a proposta com os governos estaduais e municipais, para que seja efetivamente implementada.

Análise do climatologista Paulo Artaxo, Academia Brasileira de Ciências, 4/12/2023

Fundo Amazônia

A primeira parte dos recursos, R$ 450 milhões, vem do Fundo Amazônia. Três entidades serão selecionadas para coordenar iniciativas de restauração ecológica realizadas por agricultores familiares, comunidades indígenas e quilombolas e assentamentos da reforma agrária. […] Os R$ 550 milhões restantes serão destinados via Fundo Clima na forma de crédito para apoiar iniciativas privadas, tanto em imóveis particulares quanto em áreas públicas, via concessões federais e estaduais que devem ser lançadas no começo de 2024.

Capital Reset, dezembro de 2023

As entidades que tocarão o projeto com os recursos do Fundo Amazônia, selecionadas via edital, são o Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam), que vai atuar nos estados do Acre, Amazonas e Rondônia; a Fundação Brasileiro Para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), que atuará no Tocantins e em Mato Grosso; e Conservação Internacional (CI/Brasil), que trabalhará no Pará e no Maranhão.

Em março de 2025 foi lançado edital de R$ 150 milhões do Fundo Amazônia para seleção de projetos de restauração ecológica e produtiva em assentamentos. 

Em abril de 2025 foi lançado um segundo edital, no mesmo valor, para restauração em terras indígenas no Arco da Restauração, do leste do Maranhão ao Acre. Segundo o BNDES, trata-se do maior projeto de restauração já realizado em terras indígenas no Brasil.

Fundo Clima

No início de 2024 o BNDES emprestou R$ 80 milhões do Fundo Clima para a start up re.green, para executar restauração no âmbito do programa.

Petrobras

A empresa anunciou apoio ao programa em novembro de 2024. O aporte de R$ 100 milhões ao longo de 5 anos, conjuntamente com o BNDES, inclui R$ 50 milhões do Fundo Amazônia. Ele visa promover a restauração de cerca de 15 mil hectares.

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