Fundação Renova

Entidade criada pela Companhia Vale do Rio Doce para tentar compensar os impactos da ruptura da Barragem de Fundão, em Brumadinho, em 2015, um dos maiores desastres ambientais já registrados no Brasil.

Até meados de 2021, dois anos depois, apenas 3,33 hectares, ou 1,13% dos 293 hectares de floresta diretamente atingidos, haviam sido reflorestados. No final de 2021, a Vale divulgou que 23 hectares estavam em processo de reflorestamento, com o plantio de aproximadamente 30 mil mudas de espécies nativas da região.

Em junho de 2024, a Fundação Renova divulgou que 680 nascentes estavam sendo recuperadas em Minas, e outras tantas no Espírito Santo.

[ Marcelo] Klein [diretor especial de reparação e desenvolvimento da Vale] afirma que a Vale deverá, de forma compensatória, reflorestar uma área equivalente a 20 vezes a área afetada. Significa, portanto, alcançar o total 5.860 hectares. Segundo a mineradora, ainda estão sendo realizadas tratativas com os órgãos ambientais para definir os detalhes desse trabalho. Ele deverá envolver recuperação de parques ecológicos, nascentes e florestas degradadas. “O dano ambiental deve ser revertido numa área bem maior de recuperação e um pacote muito forte de educação ambiental, junto às prefeituras”, diz o diretor da mineradora. 

Agência Brasil, julho de 2021

Coleta de sementes

Em sete anos, até meados de 2024, cerca de 1,3 mil coletores de sementes, atuando em 26 municípios de Minas Gerais e Espírito Santo, recolheram 80 toneladas de sementes de mais de 350 espécies da Mata Atlântica para a restauração compensatória do impacto.

Modelo de restauração proposto

Dentre as iniciativas de recuperação de matas nativas propostas pela Fundação, vale citar:

Programa de Revegetação

Ele visa recuperar a mata nativa, dentro e fora das APPs, nas propriedades atingidas pela lama ao longo dos rios do Carmo, Gualaxo do Norte e Doce, em Mariana, Barra Longa, Rio Doce, Ponte Nova e Santa Cruz do Escalvado. Ele está concentrado nas propriedades que foram atingidas diretamente pelo rejeito e que estejam localizadas no trecho que vai até a Hidrelétrica Risoleta Neves (Candonga), em Rio Doce (MG). 

Programa de Recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APP) e Recarga Hídrica

A iniciativa visa promover a recuperação de 40 mil hectares em Minas Gerais e Espírito Santo em 10 anos. Cerca de 10 mil hectares serão recuperados com o plantio de mudas e sementes e os 30 mil hectares restantes a partir da regeneração natural das áreas. 

A identificação e escolha das localidades que vão receber o programa aconteceu após estudos feitos pela Universidade Federal de Viçosa/ UFV e pela Universidade Federal de Minas Gerais/ UFMG. Elas foram escolhidas porque são as que vão garantir a melhor infiltração de água no solo para abastecer alguns mananciais ao longo da Bacia do Rio Doce. 

A técnica aprimorada em Londres ajuda a restaurar trechos do Gualaxo do Norte, um afluente do Rio Doce […]

Já no Espírito Santo, a revitalização do Rio Mangaraí melhorou a qualidade e aumentou a quantidade de água para a capital Vitória. O esforço fez saltar a abundância de peixes em 70% e até o cascudinho Euryochus tysanos, antes restrito ao sul da Bahia, apareceu no manancial capixaba.

O Eco, setembro de 2024

Programa de Recuperação de Nascentes

Ele iniciou a recuperação de 5 mil nascentes, com prazo de 10 anos, nas áreas mais vulneráveis apontadas pelo estudo feito pelo Instituto BioAtlântica (IBIO). A partir desse estudo, as áreas ao longo da Bacia do Rio Doce que têm menos capacidade de abastecimento de água foram selecionadas pelo CBH-Doce*, em articulação com os CBHs dos afluentes.

Programa de Fomento ao CAR e PRA 

Ele apoia os produtores rurais a regularizarem sua situação junto ao Programa de Cadastro Ambiental Rural (CAR) e ao Programa de Regularização Ambiental (PRA), ambas iniciativas do Governo Federal. Todos que são donos das propriedades rurais atingidas pelos rejeitos podem participar desse programa. A regularização das propriedades junto aos governos é obrigatória para que ele possa participar não só das ações de reparação da Fundação Renova quanto de programas de incentivo à agropecuária governamentais.  

A Fundação Renova utilizou a Metodologia de Avaliação de Oportunidades de Restauração (ROAM), com apoio do WRI Brasil, e verificou que a restauração de 77,2 mil hectares da bacia hidrográfica do Rio Gualaxo do Norte, uma das atingidas pelo rompimento da barragem, poderia gerar um valor adicional de R$23,5 milhões por ano a ser distribuído entre os municípios da bacia e reduzir 281,2 mil toneladas de emissões de gases de efeito estufa na atmosfera.

A Fundação Renova está destinando cerca de R$ 540 milhões para restaurar áreas florestais em uma extensão de terras equivalente a 16 mil campos de futebol – sendo cerca de R$ 370 milhões em Minas Gerais. Os recursos serão aplicados em contratações de fornecedores, via editais publicados em 2022, para recuperar aproximadamente 16 mil hectares, sendo 8,6 mil hectares na bacia do rio Manhuaçu (MG), 2,8 mil hectares nas bacias do Piranga (MG), do Santa Maria (ES) e do rio Corrente (MG) e 5 mil hectares na bacia do rio Guandu (ES). Os contratos são de 48 meses e os maiores desembolsos serão feitos entre 2023 e 2024.

Diário do Comércio, maio de 2022

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