Projeto iniciado em 2009 por 8 ONGs que atuam no Litoral Sul da Bahia, entre elas Natureza Bela, IBIO e TNC, visando a restauração de áreas nos Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal e Parque Nacional Pau-Brasil, na Costa do Descobrimento, marco histórico da colonização portuguesa.
No PN Monte Pascoal foi conduzida a restauração de 220 hectares em duas áreas degradadas próximas às comunidades Pataxó de Boca da Mata e Meio da Mata.
As técnicas de restauração florestal adotadas, que associam plantio de mudas nativas com fomento da regeneração natural, seguiram a metodologia utilizada pelo Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/USP (Lerf/Esalq/USP), antes aplicadas em algumas propriedades desse corredor.
O projeto também teve elementos de educação ambiental para ajudar a redirecionar essas comunidades para atividades econômicas não predatórias, como as florestas de produção. Trata-se um modelo de reflorestamento com espécies nativas de ocorrência regional em consórcio com espécies para produção de madeira, de frutíferas nativas, medicinais, da produção de mel, ou mesmo de produtos agrícolas.
A restauração foi executada por uma cooperativa indígena, a COOPAJÉ, que também produziu as mudas nativas utilizadas.
A gente planta árvores nativas da floresta para conservar. A gente vive no entorno do restinho de floresta que existe, lutando para sobreviver e cuidando. Se não fossemos nós, o resto de floresta já teria ido embora. A gente está brigando com unhas e dentes para não deixar acabar”, Devido à devastação da floresta, a tendência é acabar a caça, os peixes e as águas. Já não tem mais aquela convivência com a natureza como há 30 anos”, relembra Alvair.
Alvair Silva Pataxó, 38 anos, cacique da aldeia Cassiana, onde vivem 50 famílias, vizinha à Boca da Mata na TI Barra Velha, em entrevista a O Eco em dezembro de 2013
Estamos em uma região que vem sendo devastada ao longo dos anos, em especial pela exploração da madeira nativa para a produção do artesanato. Para se ter uma ideia, a comunidade pataxó nunca tinha ouvido falar de restauração florestal, não sabia nem mesmo do que se tratava.
Lucas José dos Santos, engenheiro florestal e responsável técnico – publicação Iniciativas BNDES Mata Atlântica
Na verdade, esse é o primeiro projeto de restauração com a comunidade pataxó. Ou seja, foi muito novo para toda a comunidade redescobrir a importância da floresta em que ela vive. Daí o foco na capacitação, no treinamento e na mobilização. Trabalhamos para que as pessoas que estavam derrubando florestas se tornem plantadoras de árvores.
Destaques do projeto, segundo o BNDES:
- Forte envolvimento com a comunidade indígena da região, incluindo a formação da Cooplanjé, cooperativa dos pataxós criada no âmbito do projeto para realização das atividades de restauração.
- Capacitação e treinamento da comunidade para trabalhar nas atividades de plantio e do viveiro.
- Revitalização do viveiro dos índios pataxós, quadriplicando sua capacidade de produção para 120 mil mudas/ano.
No Parque Nacional do Pau-Brasil a Natureza Bela promoveu a restauração de 100 hectares, num mix de plantio total, condução de regeneração natural e plantio visando a conectividade entre áreas em restauração. Foram adotadas as seguintes etapas operacionais: seguintes atividades operacionais: Preparo do solo; correção do solo (aplicação de calcário); coroamento de regenerantes; abertura de berços para plantio; adubação de base; controle de herbivoria (formigas); plantio de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica em especial as ameaçadas de extinção e manutenções sistemáticas até o 3º ano pós plantio.
Saiba mais
- BNDES
- IBIO – sobre o projeto
- “Índios Pataxós restauram floresta degradada na Bahia” – Fabíola Ortiz, O Eco, 2/12/2013
- Case descrito na publicação Iniciativa BNDES Mata Atlântica, de 2015
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