Bugio

Um dos primatas brasileiros mais ameaçados, endêmico da Mata Atlântica. Avistado pelo naturalista Charles Darwin na Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, em 1832, ele estava, até recentemente, extinto localmente.

Bugios são grandes macacos, que têm importantes papéis ecológicos, não só em dispersão de sementes, mas também na ciclagem denutrientes no ecossistema. Neste último papel, os bugios têm uma grande interação com besouros rola-bostas, que se utilizam das suas fezes e disponibilizam os nutrientes para o solo. Bugios são também animais muito carismáticos e notáveis por suas poderosas vozes, que podem ser ouvidas a quilômetros de distância.

Parque Nacional da Tijuca, fevereiro de 2020

Outros nomes populares:

bugio-ruivo, barbado, guariba, macaco-barbado

Nome científico:

Alouatta guariba

A espécie é objeto de dois programas de reintrodução.

Programa Silvestres SC

Iniciativa do Instituto Espaço Silvestre que está realizando a soltura de bugios-ruivos em áreas protegidas de Florianópolis. A última vez que a espécie foi avistada na ilha foi em 1763.

As primeiras solturas devem acontecer no começo de 2024. Foram escolhidas duas Unidades de Conservação (UC’s) de Florianópolis, uma ao norte e outra ao sul da ilha. Serão seis famílias de bugios-ruivos – cada família é composta por cerca de dois ou três animais – e atualmente eles vivem no Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS-SC) localizado na capital.

Conexão Planeta, novembro de 2023

Projeto Refauna

A entidade, de viés científico, vem reintroduzindo várias espécies, inclusive o bugio, no Parque Nacional da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro.

A reintrodução dos bugios começou em 2015, com a soltura de 6 indivíduos oriundos do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ). Destes, dois precisaram ser removidos porque estavam interagindo com os visitantes (comportamento considerado problemático para manter a natureza silvestre dos animais), uma fêmea veio a óbito e um macho se dispersou do grupo e fugiu do monitoramento dos pesquisadores. No fim, sobrou apenas um casal, mas que até o momento já teve cinco filhotes.

Em 2017, os primatas enfrentaram a ameaça do surto de febre amarela, doença praticamente fatal para os bugios, que têm cerca de 90% de chance de morrerem se contaminados. Apesar de não ter vitimado nenhum dos bugios do projeto, a doença acendeu um alerta importante para os pesquisadores e paralisou novas solturas. Com o desenvolvimento de uma vacina para os primatas contra a febre amarela, em 2020, o procedimento para reintrodução dos bugios passou a incluir uma etapa de vacinação.

Um novo grupo de bugios está à espera apenas da imunização para que possam ser levados para a floresta. A expectativa é de que a nova soltura ocorra ainda no 1º semestre de 2022.

O Eco, 25/1/2022

Saiba mais

Imagens: 

  • Peter Schoen – RPPN Feliciano Miguel Abdala, Caratinga/MG
  • Luiz Carlos Rocha – Estrada Parque Pantanal/MS
  • Paulo B. Chaves – Santa Maria de Jetibá/ES
  • Miguel Rangel Jr. – Zoológico de São Paulo/SP