Projeto de referência de restauração com fins econômicos numa propriedade de 200 hectares que, no começo do século passado, abrigava a maior fábrica de papel da América Latina.
A regeneração ambiental da fazenda começou em 2008 com o plantio de uma monocultura de guanandi, madeira-de-lei nativa, em área de várzea. Entretanto, aos poucos, com muito estudo e trocas com especialistas, o empreendedor Patrick Assumpção percebeu que precisava encontrar um jeito de bancar o crescimento daquela floresta ao longo de 20 anos. Então, criou áreas de plantio de ciclo curto, como leguminosas ou raízes, e de ciclo médio, frutíferas, para ter outras fontes de ingressos.
O encontro entre a experimentação e curiosidade de um produtor rural e o conhecimento sistematizado da ciência deu frutos. Foram feitos estudos de qualidade de solo, incidência de luz, arquitetura das plantas, experimentos com plantas de uso cultural com alto valor nutricional, análises da conversão de modelos produtivos tradicionais em agroflorestas e de como esses modelos podem gerar renda para o produtor. “Esse processo foi fundamental”, diz Patrick. “A pesquisa faz toda a diferença no resultado do produto, na nutrição, na fertilidade do solo”.
Documentário “As Caras da Restauração” / WRI Brasil
Hoje, Patrick produz apenas alimentos orgânicos, tem árvores nativas, em sua propriedade, e vende ingredientes para restaurantes famosos e estrelados, como o DOM, de Alex Atala, o Mani, de Helena Rizzo, e o Mocotó, de Rodrigo Oliveira, localizados na capital paulista.
Marcos Candido, Ecoa/UOL, agosto de 2021
Um estudo de cientistas da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), Embrapa Meio Ambiente e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) concluiu que este modelo permitiu que a propriedade alcançasse sustentabilidade social, ambiental e econômica.
Conforme Antonio Carlos Devide da Apta, a pesquisa estabeleceu as bases para a gestão ambiental da conversão agroflorestal em propriedade rural, o que torna a Fazenda Coruputuba referência para a produção agroecológica de madeira nativa nas terras baixas do Vale do Paraíba do Sul, uma vez que ficou entre os cinco porcento mais elevados índices de desempenho ambiental observados em um universo de 178 estudos de caso realizados com a mesma abordagem metodológica.
Revista Cultivar, agosto de 2021
Agora, Patrick Assumpção está ajudando a disseminar as técnicas agroflorestais para mais de 200 produtores rurais, que estão formando o Polo Florestal do Vale do Paraíba. Da sua experiência também nasceu uma ONG, o Instituto Coruputuba, parceiro do Instituto Socioambiental no projeto Muvuca no Vale do Paraíba.
“Eu quero que se restaure 40 mil hectares de florestas em todo o Vale do Paraíba”, diz Patrick Assumpção, produtor rural, silvicultor e agrofloresteiro. Patrick faz a sua parte. Ele aposta na restauração de áreas degradadas utilizando espécies florestais para produzir alimentos de qualidade e gerar renda. E tudo isso com a participação da comunidade local. “Quero disseminar o que estamos fazendo aqui, apresentar as plantas e as frutas para o produtor rural e para o consumidor. Se eu me alimento bem, quero isso para os outros também”, diz.
“As Caras da Restauração”/ WRI Brasil, 2020
Saiba mais
- Guanandi Produtos Agrícolas
- Instituto Coruputuba – Prosas
- “A comida que tem história”, revista Globo Rural, 6/11/2017
- Documentário “As caras da restauração”, da WRI Brasil, 2020
- “Homem faz floresta em “ex-cidade” de SP e atrai atenção de Leo DiCaprio” – artigo de Marcos Candido na Ecoa/UOL, 27/1/2021
- “Estudo mostrou vantagens e benefícios da agricultura multifuncional no Novo Rural” – Revista Cultivar, 12/8/2021
- “Reflorestamento com Espécies Nativas: Estudo de Casos, Viabilidade Econômica e Benefícios Ambientais” – relatório da Coalizão Brasil/Clima Florestas e Agricultura, com apoio da WRI Brasil, elaborado por Daniel Strozzi Soares, Miguel Calmon e Marcelo Matsumoto e publicado em dezembro de 2021
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