Maior espécie de cervídeo da América do Sul. No passado, ela ocorria em áreas alagadas de grande parte do Brasil, mas hoje ela é considerada vulnerável e praticamente só é avistada no Pantanal.
As populações brasileiras podem sumir do mapa “em curto espaço de tempo”, reconhece o Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Cervídeos Ameaçados de Extinção, do ICMBio. A espécie já foi eliminada do Uruguai, Paraguai, Peru, sul dos estados do Piauí e do Maranhão, porções da Caatinga e outras antigas moradas.
Mongabay, novembro de 2022
No Rio Grande do Sul, por exemplo, uns poucos cervos-do-pantanal vivem isolados em duas reservas na Região Metropolitana de Porto Alegre, ameaçados por caçadores, cães e a contaminação pelos agrotóxicos empregados no cultivo do arroz.
Outros nomes populares:
cervo, suaçuapara, suaçuetê, suaçupu, guaçupuçuNome científico:
Blastocerus dichotomus
Algumas iniciativas têm trabalhado pela conservação e reintrodução da espécie:
NUPECCE e CCCP/ UNESP
Jaboticabal/SP é o epicentro das pesquisas sobre conservação da espécie. O Núcleo de Pesquisa e Conservação de Cervídios da Universidade Estadual Paulista (UNESP), no campus daquela cidade, é o maior criadouro de cervídeos do mundo. Ele atua de forma integrada com o Centro de Conservação do Cervo-do-Pantanal (CCCP), ligado à Tijoá Energia, que opera no mesmo campus.
O CCCP foi criado nos anos 90, com o resgate das últimas populações de cervo-do-pantanal do Estado de São Paulo, que habitavam uma região de várzea do Rio Tietê posteriormente alagada para a construção da barragem da Usina Hidrelétrica Três Irmãos.
Ainda que originalmente ambas as instituições tenham o viés de conservação de cervídeos, as suas finalidades são distintas: enquanto o centro da Unesp tem como atividade principal a pesquisa científica em diversas áreas a respeito desses animais, o CCCP destina-se exclusivamente à conservação da espécie cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), com a perspectiva futura de reintegração dessa espécie no ambiente.
UNESP, novembro de 2022
Em 1998, pesquisadores de várias universidades, inclusive a UNESP de Jaboticabal, desenvolveram um projeto de reintrodução do cervo-do-pantanal na Estação Ecológica de Jataí e na Fazenda Continental, no município de Colômbia, ambos no Estado de São Paulo.
Instituto Curicaca
A entidade lidera, desde 2010, o Programa de Conservação do Cervo-do-Pantanal no Rio Grande do Sul (Procervo), que reúne representantes do governo, de organizações privadas e da sociedade civil. Uma de suas propostas é a criação de um corredor entre as duas áreas protegidas onde a espécie vive. O Procervo também atua em pesquisa e no mapeamento das populações da espécie em terras gaúchas com o uso de drones e estudos genéticos.
Saiba mais
- Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil
- Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Cervídeos Ameaçados de Extinção
- NUPECCE/ UNESP
- Procervo/ Instituto Curicaca
- “Reintrodução de cervos-do-pantanal (Blastocerus dichotomus) na Estação Ecológica de Jataí (Luís Antônio-SP): uso do espaço” – C. J. M. Figueira e outros autores, Braz. J. Biol. 65 (2), Maio de 2005
- “Reintrodução de cervos-do-pantanal (Blastocerus dichotomus): uso do espaço e área de vida dos animais” – dissertação de Cassio José Montagnani Figueira apresentada na Universidade Federal de São Carlos, 2002
- “A luta para salvar os últimos cervos-do-pantanal no Sul do Brasil” – Aldem Bourscheit, Mongabay, 24/11/2022
- “Centro da Unesp se torna o maior criadouro de cervídeos do mundo” – Marcos do Amaral Jorge, UNESP, 8/11/2022
Imagens:
- Vinícius Pires Nogueira
- Bernard Dupont – Poconé/MT
- Patricio Cowper Coles
- Bruce Thompson – Poconé/MT
- Dick Culbert – Santa Cruz/ Bolívia