Dois irmãos decidiram recuperar as terras da família, numa região devastada pela construção de uma grande represa, o plantio de capim braquiária, as plantações de eucaliptos e a mineração.
Em 1899, o bisavô paterno de Marcelo [Delduque], o político abolicionista Benedicto Moreira, comprou 120 hectares de terra para cultivo de café. Mais tarde, os cafezais deram lugar a plantações de eucalipto, pastos de boi e olaria, causando enorme impacto ambiental nas terras de onde era retirada argila para produção de tijolos.
Nos anos 1990, a família iniciou um processo de regeneração da terra, com projetos de restauração florestal, desassoreamento dos córregos e nascentes e criação de agroflorestas. As antigas instalações foram adaptadas como pousada, restaurante, sala de aula e ateliê. Em 2001, a fazenda foi reconhecida pelo ICMBio como Reserva Particular do Patrimônio Natural e hoje recebe visitas de escolas para atividades de educação ambiental e artística, assim como grupos de hóspedes como os que participaram do Lab da terra.
artigo de Lia Hama no Ecoa/UOL, janeiro de 2022
Hoje a fazenda abriga uma série de unidades demonstrativas de pastoreio voisin, silvicultura e sistemas silvipastoris, parte delas em parceria com o IPE. Além disso, 30 hectares estão sendo recuperados com recursos de compensação ambiental.
Quando começamos esse movimento, no final da década de 1990, plantar mato no pasto era algo quase ofensivo. Proteger nascentes em uma região cujo grande valor é produzir água para milhões de pessoas ainda é considerado uma loucura romântica.
Cuidar da natureza vai muito além do projeto edificante de plantar árvores. Entendi com a experiência que regenerar a terra nunca significará que a mata vai voltar a um estágio original. Primeiro porque não existe a Mata Atlântica original. Essa é uma ideia um tanto ingênua. Pois a natureza que estamos ajudando a regenerar é uma natureza “com” o humano. (…)Nesse lugar, não tem cabimento usar a palavra lucro. Não se trata de lucrar com essa parceria. Mas de aprender uma nova forma de convivência com o planeta.
Marcelo Delduque
Saiba mais
- Fazenda Serrinha
- “Mãos na Terra” – artigo de Lia Hama no portal Ecoa/UOL, 20/1/2022
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