A espécie, extinta na Natureza por três décadas, começou a ser reintroduzida na Mata Atlântica alagoana em 2017. Trata-se de uma experiência sem paralelos no Brasil e extremamente rara também no Exterior.
Outros nomes populares:
mutum-do-nordesteNome científico:
Pauxi mitu
Este esforço de refaunação envolve várias organizações de viés científico, inclusive o criadouro do Instituto de Pesquisa da Vida Selvagem (CRAX), em Minas Gerais, o Instituto para Preservação da Mata Atlântica (IPMA), em Alagoas, e o Instituto Pauxi Mitu, que mantém um criadouro em São Paulo.
O caminho até este feito inédito começou há quatro décadas, graças à obstinação do empresário Pedro Nardelli, que mantinha um criadouro científico de aves em Nilópolis (RJ). Em 1979, o aficionado viajou para a região metropolitana de Maceió atrás de exemplares desse galináceo de cor preta e bico vermelho, também conhecido como mutum-do-nordeste. Descrito pela primeira vez no século 17 pelo naturalista alemão George Marcgraf – incluindo uma menção a seu uso culinário, um dos fatores por trás de sua dizimação –, a espécie já quase não era mais vista em seu território original, uma pequena área de Mata Atlântica entre Alagoas e Pernambuco. Além da caça, a ave também havia sido vitimada pelo avanço dos canaviais na região.
Mongabay, novembro de 2019
Quando o viveiro de Nardelli teve que ser fechado, os mutuns-de-alagoas e outras aves foram transferidos para o criadouro do CRAX, em Minas Gerais.
Em 2017, havia apenas 200 mutuns-de-alagoas, todos em cativeiro, graças ao trabalho de Nardelli. A primeira reintrodução, em 2017, foi realizada na RPPN Mata do Cedro, ligada à Usina Leão, em Rio Largo/AL. Outras ocorreram desde então.
“Foram muito importantes os trabalhos genéticos realizados, que tiveram foco no aconselhamento para os melhores acasalamentos, de modo a preservar o máximo possível da variabilidade genética ao longo das gerações e aumentar os níveis de heterozigose do plantel”, diz Mercival Roberto Francisco, biólogo da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), uma das entidades envolvidas na reintrodução.
Mongabay, dezembro de 2020
Saiba mais
- Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil
- “Usina Leão receberá, depois de 30 anos, o primeiro Mutum-de-Alagoas” – Mozart Luna, Gazetaweb, 13/9/2016
- “Criadouro paulista consegue primeiro filhote de ave extinta na natureza” – José Maria Tomazela, O Estado de S. Paulo, 7/6/2017
- “Mutum-de-alagoas: ave quase extinta volta à natureza e testa capacidade de sobrevivência” – reportagem de Pedro Biondi, Mongabay, 19/11/2019
- “Quantas espécies de aves e mamíferos foram salvas da extinção nos últimos 30 anos?” – reportagem de Suzana Camargo, Mongabay, 17/12/2020
Imagens:
- David Mattos Mendes – Zoológico de Belo Horizonte/MG