Um dos principais entraves à restauração florestal é a baixa oferta de sementes e mudas nativas com qualidade e diversidade adequadas para serem plantadas. (…)
Estudos com algumas espécies florestais já comprovaram que a baixa qualidade genética das sementes influencia no desempenho das árvores e pode afetar a sustentabilidade do plantio, tornando-o mais suscetível a pragas e doenças, além de menos capaz de se adaptar às mudanças climáticas. “Não estamos pregando que todos os reflorestamentos sejam feitos com sementes de alta diversidade genética, pois muitas vezes o plantio, mesmo com baixa diversidade genética, pode recuperar a capacidade do ambiente de se regenerar sozinho”, pondera Müller.
Para garantir um lote com qualidade genética é necessário coletar sementes de pelo menos 25 árvores em um mesmo fragmento de floresta e, de preferência, essa área deve ter algo em torno de 70 plantas da mesma espécie. A lei, no entanto, não exige que os produtores de sementes e mudas cumpram esse protocolo. “Seria até cruel chegar a esse nível de exigência”, comenta a pesquisadora da Embrapa. O alto custo da logística envolvida na atividade e a falta de conhecimento são os principais impeditivos para o procedimento-padrão.
O estudo realizado pela Embrapa está monitorando o rendimento operacional de atividades de coleta e beneficiamento de 12 espécies florestais da família das leguminosas, utilizadas com frequência em projetos de restauração ambiental devido à sua capacidade de crescer em condições adversas e recuperar a matéria orgânica e a atividade biológica do solo. “Nós escolhemos aquelas que têm potencial para uso em recuperação de áreas degradadas, potencial ornamental, madeireiro e algumas espécies ameaçadas”, esclarece a bióloga. (…)
Em dois anos de pesquisa, os cientistas já constataram que um quilo de sementes de espécies da Mata Atlântica pode custar de R$ 50,00 a R$ 900,00. Nesse valor estão inclusos o deslocamento, a coleta e o beneficiamento das sementes. “Também estamos fazendo pesquisas de secagem e armazenamento, visando a conservação das sementes a longo prazo”, pontua a pesquisadora. Além de conhecer os melhores métodos para conservação por um maior período e reduzir perdas, o objetivo é possibilitar o plantio em qualquer época do ano, e não só no período de produção das sementes.
Leia na íntegra: Divulgação da Embrapa, 13/11/2018. Artigo de Ana Lúcia Ferreira