Mario Moscatelli

O biólogo, mestre em ecologia e especialista em gestão de ecossistemas costeiros, é referência em recuperação de lagoas e mangues pelo seu trabalho na Barra da Tijuca, na Baía da Guanabara e também no Manguezal do Cansado, em Angra dos Reis – todos no Estado do Rio de Janeiro.

Moscatelli desenvolveu, dentre outros, o projeto Olho Verde , que envolve o sobrevoo de áreas costeiras para produção de relatórios fotográficos da destruição do sistema lagunar fluminenese.

 Em 30 anos nessa trajetória, desde a chefia do departamento de controle ambiental da prefeitura de Angra dos Reis, o biólogo esteve à frente da recuperação de mais de 2 milhões de metros quadrados em manguezais nas baías de Guanabara, Ilha Grande, Gramacho, Baixada de Jacarepaguá, Lagoa Rodrigo de Freitas, entre outros pontos. Tal conquista, porém, veio com preço alto. Moscatelli já sofreu ameaças e precisou deixar o país na década de 1990.

Bemglô, janeiro de 2019

No início de 2021 ele comemorava o ressurgimento do manguezal ao redor da Ilha do Marina Barra Clube, na Lagoa da Tijuca, em grande parte devido ao seu trabalho pessoal. A partir de 2004 ele promoveu o plantio de mudas de mangue branco, negro e vermelho em áreas de aterros ou cobertas com pedra e cimento. As árvores hoje têm entre 6 e 8 metros de altura.

Onde não havia nada, hoje existem franjas de manguezal plenamente desenvolvidas ou em acentuado desenvolvimento. Apesar da degradação ainda existente, associada com a presença de esgoto e lixo, a biodiversidade ganha e há a expectativa de dias melhores. É um espetáculo que a cada dia se intensifica 

Mario Moscatelli, em reportagem do jornal O Globo, 26/3/2021

Em 2021 ele começou a desenvolver um projeto que almeja plantar uma nova área, num trecho de 759 mil metros quadrados no litoral de Duque de Caxias. O plano inclui o que seria o maior horto de manguezal do país, com produção de mais de um milhão de mudas.

— É um projeto para durar 10 anos e que poderia gerar uma área de 5 milhões de metros quadrados de manguezais. Isso acarretará mais biodiversidade, mais filtro na água contaminada e mais sequestro de carbono na Região Metropolitana — explica Moscatelli, que defende a função social do plantio.— A atividade gera um volume gigantesco de trabalho para as comunidades de baixa renda.

Entrevista a O Globo, julho de 2021

Em 2023 o biólogo lançou, junto com a cidade do Rio, o programa Guardiões dos Mangues.

Outro projeto havia restaurado 60 hectares de um antigo lixão em Gramacho até 2023, um serviço prestado à Statled Brasil, gestora dos serviços de manutenção e monitoramento do aterro municipal que sucedeu o lixão.