Projeto de restauração ecológica com foco na conservação de pássaros ameaçados, como o cara-pintada e o zidedê-do-nordeste. Ele é desenvolvido pela Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (SAVE Brasil) em terras próprias em Pedra d’Antas/PE. Foi realizado o plantio de espécies nativas em cerca de 15 hectares. Em consequência, entre 2005 e 2021, a quantidade de espécies de aves avistada no local quase triplicou, saltando de 105 para 287.
A composição da comunidade de aves também tem sido modificada. Espécies típicas de áreas abertas e bordas de mata, como o canário-do-mato (Myiothlypis flaveolus) e vite-vite-de-olho-cinza (Hylophilus amaurocephalus), que antes eram comuns no interior da floresta não são mais registradas ou ocorrem apenas fora das áreas de floresta. Isso indica que a floresta está mais úmida e mais favorável à ocorrência dessas espécies mais especialistas ambientalmente.
A área, de 362 hectares, foi adquirida pela SAVE Brasil em 2014. Trata-se de um dos maiores fragmentos remanescentes de Floresta Atlântica Montana de Pernambuco, localizado nos municípios de Jaqueira, Lagoa dos Gatos e São Benedito do Sul, ao Norte do rio São Francisco. Em 2011 a área foi reconhecida como Reserva Particular do Patrimônio Natural, a RPPN Pedra d’Antas.
O projeto atua também com outros proprietários de terra. João Evangelista de Lima tem um sítio no entorno de Murici. Ele recebeu ajuda para implantar o sistema de agrofloresta, método que alia preservação com produção. As aves gostaram e estão reaparecendo.
Outra ação é formar corredores ecológicos para conectar os fragmentos de floresta que ainda estão de pé, explica a coordenadora Bárbara Cavalcante.
Agência Brasil, abril de 2022
Estamos iniciando um esforço conjunto com diversos parceiros, entre eles o WWF-Brasil, para incentivar a restauração florestal na paisagem onde as IBAs Serra do Urubu e Murici estão inseridas. O objetivo é aumentar a cobertura florestal e promover a conectividade entre os fragmentos remanescentes da paisagem incentivando a adequação ambiental das propriedades rurais e a geração de benefícios econômicos para os produtores rurais. Uma das estratégias de restauração será por meio do incentivo à adoção de Sistemas Agroflorestais (SAFs), modelo de produção de alimentos que é amigável às aves e à biodiversidade.
Bárbara Cavalcante, coordenadora do Projeto Mata Atlântica do Nordeste, da SAVE Brasil, em O Eco, dezembro de 2020
A iniciativa tem parceria com a Associação para Proteção da Mata Atlântica do Nordeste (Amane) e integrou o Programa Produzir & Conservar.
Saiba mais
- Save Brasil
- “Ainda há esperança para o Centro de Endemismo Pernambuco e suas aves ameaçadas?” – artigo de Bárbara Cavalcante, coordenadora do Projeto Mata Atlântica do Nordeste da SAVE Brasil, em OEco, 12/12/2020
- “Agrofloresta traz de volta aves para o norte do rio São Francisco” – artigo de Gabriel Brum, Agência Brasil, 25/4/2022
- “Corredores florestais ajudam a salvar as aves raras do Nordeste”– artigo de Sibélia Zanon para Mongabay, 29/3/2022
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