Recuperar e restaurar áreas e florestas degradadas por meio de diversas técnicas bem conhecidas é uma forma viável de gerar empregos e renda no campo após a pandemia. É uma atividade que não apenas gera empregos diretos, mas também indiretos através da cadeia da restauração e reflorestamento. Para cada metro quadrado recuperado, é necessário contratar pessoas para coletar sementes, produzir mudas, fazer o plantio, manutenção e monitoramento. Além disso, são necessários especialistas para dar assistência técnica aos produtores e proprietários e muitas outras pessoas que direta ou indiretamente participam dos diferentes elos da cadeia produtiva.
Outro ponto positivo é que os empregos gerados são de curto, médio e longo prazo, trazendo segurança para os trabalhadores e prosperidade para comunidades rurais. (…)
Como resposta à quebra da Bolsa de Nova York em 1929 e o período da Grande Recessão, os EUA colocaram em prática uma política chamada New Deal, na qual o estado estimulava obras públicas para desenvolver o país e gerar empregos. Um dos programas mais populares dessa política se chamava Civilian Conservation Corps (ou Brigada Civil de Conservação).
O Civilian Conservation Corps contratava jovens desempregados para fornecer trabalho manual relacionado com a conversação dos recursos naturais em áreas controladas pelo poder público. Eles trabalhavam no plantio de florestas e vegetação nativa, controle de incêndios florestais, controle de erosão e enchentes e construção de estradas. Entre 1933 e 1942, mais de 3 milhões de jovens passaram pelo programa com um pico de 500 mil empregos em um ano. Parte dos salários dos jovens era obrigatoriamente enviada para as famílias, fazendo com o que o programa ajudasse no sustento de milhões de pessoas empobrecidas pela crise econômica.
Outra iniciativa mais recente e de sucesso foi no Quênia, através de um programa que melhorou a renda das famílias a partir da conservação, além de promover os direitos das mulheres. Em 1977, a professora Wangari Maathai criou o programa Greenbelt Movement (Movimento Cinturão Verde). Liderado por mulheres, o programa promoveu a produção de sementes e mudas e o plantio de cinturões de árvores em áreas rurais, com o objetivo de melhorar a qualidade da água e do solo, melhorando a segurança alimentar das comunidades. Estima-se que o programa envolveu 50 mil famílias, plantou mais de 30 milhões de árvores e gerou renda para 80 mil pessoas no Quênia. Esse trabalho foi reconhecido em 2004, quando Wangari Maathai recebeu o prêmio Nobel da Paz pelo seu trabalho.
Leia na íntegra: Artigo de Miguel Calmon e Bruno Calixto, WRI Brasil
Imagem: Projeto Conservador das Águas (divulgação da Prefeitura de Extrema, via WRI)