Quando li um artigo com o alerta de que o mercado de carbono representava uma ameaça aos ecossistemas, não levei a sério. Não acreditava que o ser humano pudesse ser tão perverso. Porém, mudei de ideia quando fui procurado por uma dessas empresas que neutralizam carbono que fez proposta de parceria na prospecção de áreas para plantar árvores. Eu expliquei que o desmatamento na Mata Atlântica é intenso, que está muito difícil salvar as matas preservadas que restam e todo o esforço deveria ser empreendido para salvá-las. A resposta, muito sincera, deles para aliviar minha angústia foi decepcionante: “Não se preocupe! Deixe que os proprietários desmatem estas matas de árvores velhas que não servem para nada, não sequestram carbono, e plante árvores novas que vão ajudar o Planeta a combater o aquecimento global e gerar renda para os proprietários”. (…)
Centenas de quilômetros de matas ciliares são destruídas todos os dias sem que ninguém se importe porque o combate à devastação não dá dinheiro, não gera renda para as comunidades, só encrenca para o doido que se preocupar com estas “bobagens” de perda de biodiversidade, manutenção da integridade de ecossistemas etc. Recursos para a fiscalização do IBAMA combater a devastação não tem, mas para a milionária indústria da “restauração” está sobrando. Quanto mais devastação, mais dinheiro se ganha.
Leia na íntegra: artigo de Germano Woehl Jr. em O Eco, 19/5/2011